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Mostrando postagens de 2020

Alcionne e a casa

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Bom... nova história, novos personagens. Alcionne ainda aparecerá nos blogs e a casa descrita teve inspiraçãoeu num sítio, em Rio das Flores, que pertencia a uma prima da mamãe ("Tia Déia"), mas a foto que usei é de outro local. Aproveito para deixar meus votos de Feliz Natal a todos. Vamos, então, continuar a história...   Alcionne era minha ajudante. Esqueci de falar dela! Quando me instalei nesta cidade, eu morava num pequeno quarto de uma pousada; não tinha carro e andava de charrete de aluguel (coisas de interior.) A cidade, ou quase isso, era uma mistura de estrada com casas pequenas, uma ou outra rua e um centro em torno de uma pracinha onde havia o comércio que era restrito a um banco, uma agência dos correios, uma padaria e uma ou outra loja. Ao menos sem fumaça e sem a visão do concreto armado das cidades grandes. Sempre fazia o mesmo trajeto e, numa casa mínima, em uma pequena travessa, eu observava rapidamente, uma senhora – Alcionne - de quem ninguém s

O que aconteceu depois?

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Lá nos muito "antigamentes", quando a gente voltava das férias as professoras sempre pediam uma redação sobre o que fizemos. No caso, o trabalho de férias foi a personagem que resolveu fazer.  Neil Gaiman, no prefácio do livro "Seres Mágicos e Histórias Sombrias", ao ser perguntado por um leitor o que ele escreveria na parede da área infantil de uma biblioteca pública, ponderou e respondeu:  “ Não sei se escreveria uma citação se fosse eu que tivesse uma parede de biblioteca para desfigurar. Acho que eu só lembraria às pessoas do poder das histórias, de por que elas existem. Eu colocaria as quatro palavras que qualquer pessoa que conta uma história quer ouvir. As que mostram que está dando certo, e que páginas serão viradas: o que aconteceu depois?” Senhoras e Senhores, conforme prometido no primeiro texto de hoje, apresento-lhes "Gama", a continuação de "Versão Beta" nunca publicada, numa versão reduzida e revisada aqui no editor do b

Duas Histórias

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O primeiro texto de hoje já começa com um "atenção" (alerta de spoiler): se você chegou aqui e não leu "Versão Beta" saiba que vou fazer um resuminho para poder continuar.   O final de "Versão Beta" revelou que a personagem "Bela" estava sonhando com seu futuro, onde ela teria uma filha que fugiria para o planeta Marte com um namoradinho e que era filho adotivo de um velho amigo seu.   Em "Gama" ela já está acordada, algum tempo já havia passado e, para mudar um pouco alguns hábitos, ela arrumou um concurso literário para participar, onde escreveria uma continuação de um livro qualquer e que a tivesse impressionado muito por qualquer motivo também. Escolheu, então, um que contava a história de uma menina que fora para a Índia passear (ganhara a viagem de presente de aniversário de 15 anos) e que só voltara 20 anos depois (hum... o leitor já ouviu falar disso, não é mesmo?).   A cena contemporânea é passada numa cidade pequena do

Gama

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"A versão beta de um software ou produto é a versão em estágio ainda de desenvolvimento, mas que é considerada aceitável para ser lançada para o público, mesmo que ainda possua bugs e problemas que precisarão ser reparados pelos desenvolvedores antes do lançamento definitivo do produto ao mercado na sua versão final." ( Canaltech )    Depois do lançamento do livro, eu tive muita vontade de continuar a escrever nesse formato e hoje começo uma nova série falando disso, mas antes vou explicar o título que escolhi para o livro pois isso ficou faltando. Na prática, não havia título e como foi um grande rascunho durante um bom tempo acabou recebendo o nome de "Versão Beta", cuja explicação eu coloquei na abertura do texto de hoje.    Seguindo, então, como ainda havia um bom material não explorado, resolvi dar continuidade às ideias. Dessa forma criei um novo livro, "Gama" - a letra grega sequencial, contando duas histórias ao mesmo tempo: uma delas seria &qu

Capítulo 22 - Epílogo

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- Você está querendo me dizer que eles fugiram? Eu conheço a história de Sidarta. Quando ele abandona tudo, ele parte sozinho. Então ele não levaria ninguém. - Se ele fosse uma reencarnação. Mas o Sidarta original foi a última encarnação do Buda, segundo os antigos escritos. - Mas essa teoria toda é uma loucura. Como Elle poderia saber disso tudo? - Ela era diferente das outras pessoas. Independente disso, os dois sumiram e isso é muito significativo. Sid é esperto e foi criado para ser um líder. Era isso que sua mãe queria. - E vai liderar o que, com 15 anos? Aonde ele iria? - Para lugar nenhum. Já mandei verificar as saídas e ele não passou. Nenhum carro sumiu e nenhum voo saiu. A não ser que... - A não ser o que? - Pensei que fosse um raio! - Que raio? Na noite anterior eu dormi direto, exausta e não vi nada, nem chuva. Só as nuvens negras se aproximando e os relâmpagos contrastando com os fogos de artifício. - Lembra-se do que te contei sobre os meninos de rua de Marte? - Ah! Aquil

𝄞 Close to the edge ♫

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Sempre gostei de rock progressivo e posso dizer que Rick Wakeman foi minha primeira referência. Tecladista da banda "Yes", seguiu carreira solo com o tempo. Talvez volte ao assunto num outro dia, mas aproveitei que essa banda criou um álbum baseado na última referência do meu livro que foi "Siddartha" de Hermann Hesse e fiz o comentário ilustrando este post com a capa do livro que ganhei à época (ainda guardo na estante). Iniciamos dezembro com o desastre epidemiológico: a pandemia consome os serviços de saúde do país, as festas de final de ano se aproximam e a época de praia e férias também. Local seguro, para quem tem que trabalhar, não existe; o que, ao menos, melhora a estatística é que a proporção de óbitos em relação aos infectados é muito baixa (na faixa máxima de 3%, o que daria uns seis milhões de mortes no Brasil todo no máximo - é muita gente com certeza, se considerarmos que todos serão infectados em algum momento). O que acontece agora é que os gestores

Capítulo 21 - A festa

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Passamos a tarde na casa grande. Arthur finalmente dera uma chance para que Priti ficasse sozinha com Sid, até porque eu quase o amarrei na mesa quando as crianças se levantaram. Era nítida a ponta de ciúmes dele com a filha, mas teceu os maiores elogios ao menino durante o almoço. Rô e as outras crianças se esbaldaram de tanto brincar. Espaço era o que não faltava. E tudo com a supervisão da Julya que, por sua vez, também brincava com eles. Guido estava muito animado. Acho que as coisas que ele falou fizeram bem. A expressão tensa havia desaparecido. - […] A Fê estará aqui logo mais? - Não, só a Rafa e o namorado dela. A turma se junta mais no Natal. Ano Novo tem muita festa por aí, no Japão é muito animado e as crianças dela preferiram. Arthur ficará o fim de semana? - Infelizmente vou embora pela manhã. Mas Bela fica e segue depois com as crianças. Você não quer mandar o Sid junto? Ele está de férias, não está? - Ele vai adorar a ideia. Mas ele prometeu para os avós que

♫ Living Together, Growing Together ♫

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A comemoração de Ano Novo seguia a mesma rotina daquela do Natal, quando eu era criança. A partir da adolescência eu fui "liberado" para festas com os amigos e, na fase adulta, os plantões começaram a dificultar qualquer tipo de comemoração. No geral eu poupava o Natal e trabalhava no Ano Novo e isso, inclusive, gerava um dinheiro extra porque alguns colegas pagavam bem pela substituição. No tempo em que ainda era possível, passava o Réveillon em vários lugares, mas, em boa parte, em companhia dos amigos Henock , seus pais Birão e Marilza, e depois também com Rosângela que casou com o Henock numa passagem de ano. Eles tinham uma casa em Barra de Guaratiba (Marambaia), depois migraram para a Barra da Tijuca e a "virada" na praia era sempre a grande ideia. Falando em virada na praia... Naquele tempo não havia uma comemoração oficial, patrocinada pelo poder público/privado, nas praias do Rio e nem do restante do país. Depois de um tempo, para tentar organizar a confusã

Capítulo 20 - Ano Novo

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Ao chegar, fomos recepcionados pela Rafa. Rô também foi, naturalmente. Reclamou da volta precoce para a Índia mas, no avião, contamos o que acontecera. - Quer dizer que posso abrir uma porta de armário e encontrar um elevador? - E lá também tem charrete, cachoeiras e uma porção de gente legal. - E tem outros garotos? - Muitos. O Guido tem netos bem espertos. E o pai dele é bem animado. - Então esse é que o Rô? Sua mãe falou muito de você. - Oi, Rafa! Que bom te ver! - Todos sentimos falta de vocês. Ainda teremos que esperar um pouco. Sid ainda vai desembarcar. - Acho que já desembarcou... - Ops... também acho! De longe, Priti já tinha identificado o menino e correra ao seu encontro.   - Mãe, aquele é que é o namorado da Pri? - É sim! Ele é filho do Guido. Eles se aproximaram sorridentes e de mãos dadas. - É você que vai casar com minha irmã?? - Bom... talvez, né? Mas você é que é o Rô? Muito prazer. Eu sou Sid - disse meio sem graça. - É você que sabe saltar? Eu também sei nadar. Mas

Festa de Natal

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Este é o tipo de post que está mal localizado no tempo, mas toda a ação no livro é passada no mês de dezembro e desde a semana passada os capítulos falam das festas de final de ano. Para não perder a sequência, nas próximas semanas falaremos desses eventos também e terminaremos o livro com um presente para o leitor.   O Natal, na minha família, sempre foi comemorado com alguma festividade. Quando eu era criança a festa era, invariavelmente, na casa da minha avó materna. Antes de sairmos para lá, o "bom velhinho" aparecia na porta e nos entregava presentes. Isso gerou uma briga no jardim de infância, porque eu acreditava em Papai Noel até porque ele aparecia mesmo. Muitos anos depois, eu soube que não era bem o Papai Noel: era um representante dele, o porteiro do prédio (acho que o nome dele era Mariano), mas dava no mesmo.   Voltando à história, em algum desses anos esquecidos a comemoração foi lá em casa mesmo porque eu peguei caxumba. Explico: o repouso teria que ser absolu

Capítulo 19 - A volta

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Acordei com o galo cantando e as crianças fazendo bagunça. Já não vi mais a Priti e também não encontrei nenhum bilhete. Parti para as despedidas.  Encontrei a Rafa a caminho da escola. Apesar das férias, ela falou que era mantida uma programação de lazer para as crianças. - Então, já está indo? Volta para o Ano Novo? […] - Vou tentar e trarei o Rô e o Arthur. - O SAPO? - Mas não vale chamar ele assim que ele zanga! Rimos muito, demos um grande abraço. Ouvimos uma buzina. - Agora tenho que ir. Minha carona chegou. - Carona? - Bom, sozinha é que não posso ficar, né? Namorar é muito bom. Tchau. Bom retorno. Ela entrou no carro e mandou um beijo no cara que dirigia. Loiro e muito boa pinta. Namorado com certeza e, pelo visto, bem apaixonado. Então fui a busca de Gui. Ele estava na varanda mas, ao invés de estar calmo e tranquilo na cadeira de balanço, andava de um lado para o outro. - Oi, Bela! Viu o Sid? Ele tem que ira ao Rio fazer a pré-matrícula na escola e vai acabar perdendo o voo.

VIda na Fazenda - parte 2

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Enquanto a discussão da semana ficou por conta das eleições americanas e brasileiras, o apagão no norte do país, a guerra entre os "donos" políticos das vacinas contra o corona vírus e o aumento de casos da doença em Santa Catarina (evento mais do que esperado), a vida segue e vamos falar de coisas mais interessantes. Além das paisagens e da tranquilidade, a vida na fazenda é marcada pela qualidade da comida que nos é servida ao visitarmos alguma. Invariavelmente feita no fogão a lenha, com legumes e verduras produzidos no próprio local e, de sobremesa, os doces de inigualável sabor (alguns também feitos com ingredientes de produção própria). E da memória afetiva, presente até hoje, a melhor representação que posso citar é a Fazenda Santo Inácio, em Rio das Flores,  que também possui inventário que pode ser acessado e "baixado" clicando aqui . A simpática e agradável fazenda histórica fica na sede, em direção a Valença, e já pertenceu à família da minha tia (ela con

Capítulo 18 - A noite na fazenda e as revelações

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A festa não terminava nunca. Outras pessoas iam chegando, enquanto as que estavam iam embora. Eu resolvi me retirar e sentei na varanda da casa grande esperando o por do sol. - É lindo, não? - Estava tão distraída que nem vi você chegar. - Eu gosto de ver o por do sol também. O Japão é a terra do sol poente e gosto muito de lá. - Cada uma de nós seguiu destinos fora do Brasil, não é? - E tivemos o mesmo amigo comum. Acho que somos um pouco parecidas. - Você é uma mulher muito forte Bela, teve coragem de perseguir o seu destino. Admiro muito a atitude que você teve, ainda mais porque tinha apenas 15 anos. Neste ponto acho que não somos tão parecidas. - Pode até ser, mas as coisas não foram assim tão simples. Acho que um momento de angústia estava me fazendo falar. Não sei como, mas a Fê tornava isto possível só com o brilho do olhar, um sorriso infantil, mas muito gentil. Senti que estava entregue a boas mãos e que poderia me abrir, confiar e resolvi contar a minha história. - Quando fu