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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Os Cavalos

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Alcionne preparara o quarto como o de uma princesa. Todos eram iguais. As camas de madeira escura com a cabeceira alta e nos pés havia um enfeite de cada lado que, quando retirado, deixava a mostra um orifício cilíndrico destinado a hastes de madeira para a colocação de um cortinado, de filó branco, muito útil por causa dos insetos que sempre nos visitavam a noite. Além disso, somente uma cômoda com três gavetões e uma mesinha de cabeceira além de um suporte para chapéus e casacos que eu usava para pendurar os vestidos. Pedi para que os armários fossem retirados. E Priti dormiu profundamente coberta por uma colcha de babados feitos à mão com a cabeça deitada em um enorme travesseiro de penas encapado por uma fronha que combinava com o conjunto. Fiquei um bom tempo com Carol no balanço que havia nos fundos da casa. Tão distraída estava que nem perguntou sobre a moça. Ela não sabia que tinha irmãos. Sobre o pai eu falei que ele morava longe e que não podia vir nos ver por causa da distân

Discussões

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Caminhamos lentamente em direção à copa. Minha cabeça estava cheia de perguntas, mas foi ela que começou: - Mãe, você veio parar muito longe. Foi difícil te encontrar! - Foi essa a minha ideia: ninguém me encontrar mesmo. - E papai? E meu irmão? - Ficaram na Índia. Eu preferi o exílio nesse fim de mundo. - Fim de mundo dona Bela? Que isso! Aqui é muito depois... – Alcionne se esbaldava de tanto rir com minha observação - Ah! Alcionne, não enche, né?    E ela saiu rindo cozinha a dentro e foi ter com Carolina no quintal.    - Alcionne? Quem é a moça? - Ainda não sei. Mas fique aqui comigo até sua mãe chamar. Ou então fique brincando aí atrás.   Ela aceitou a segunda opção.    - Sua ajudante é muito simpática, mãe! - Eu sei Priti. Ela vive implicando comigo. - Implicando como? - Ah! Que eu devia sair mais de casa, arrumar um namorado e coisas assim... - Mas ela sabe que você é casada? - Não sou mais casada! - Nossa, mãe, que raiva!    Realmente quase gritei com ela. Acho que eu tinha um

Visita Inesperada

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- Mãe, acorda! A gente tem visita! - É seu João, Carolina! Peça pra Alcionne servir um café pra ele enquanto eu me visto. - Não é seu João não! É uma moça muito bonita. - E você já tomou café e escovou seus dentes? - Eu já. Mas levanta mãe. Vem ver a moça. - Tá bom, tá bom! E onde ela está? - Ué? Lá no jardim... Ela me contou a história das cores do arco-íris.. - Quer dizer que você já foi lá perturbar a moça? E qual o nome dela? - Ih! Esqueci. É um nome diferente. Mas eu não perturbo não, tá?    Mal tinha amanhecido, pois o galo ainda cantava. Carolina sempre acordava cedo mesmo que dormisse tarde. Uma menina doce, calma, carinhosa e muito esperta, de pele clara e cabelos pretos. Os olhos eram castanhos claro que, às vezes, assumiam um tom esverdeado, mas somente quando ela estava triste. Aprendia fácil tudo que lhe era ensinado e ia bem no colégio    - Bom, se não tem jeito, vamos levantar! E meu beijo de bom dia?    Ela me beijou e saiu pela porta gritando pela Alcionne.    - M

Festa de Igreja

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- Dona Bela! Já tá na hora. - Hein! Ah! Obrigada Alcionne.    Levantei-me e já estava escuro. Troquei de roupa e realmente achei que ficara bonita. Alcionne escolhera um vestido de malha preto que eu gostava muito e uma bota clara cor de pele com um salto fino. Um casaco jeans básico completava o visual e ficava adequado para o interior algo “country”. A bota ia complicar um pouco na hora de dirigir mas resolvi pagar o preço da auto-estima. Havia um grande espelho no quarto, onde fiquei um tempo me admirando enquanto penteava o cabelo. Alcionne me animara. Quando fui saindo, ela disse:    - A senhora é linda, dona Bela! Mas falta o cordão. - Que cordão? - O que tem a pedra que brilha!    Lá vinha ela com essa estória.    - Pronto. Deixe que eu coloco na senhora. - Mas eu não vejo brilho nenhum... - Ele é teimoso e só brilha quando quer! – e saiu rindo em direção à cozinha. - Mãe! Você tá bonita! - Sua mãe é bonita, Carol. - Posso ir com você, mãe? - Hoje não. Fique com Alcionne

Seu João

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Já bem desanimada – afinal eu não estava nem um pouco disposta a receber visitas, pois Carolina tivera um sono muito agitado quase não me deixando dormir – deixei minha bolsa na varanda, pedi para que Alcionne desse um banho nela  e fui ver do que se tratava.   - Olá seu João! - Olá dona Bela. Vim ver as instalações, mas parece que tudo está em ordem. Neste lugar que a senhora tem aqui dá pra criar o que a senhora quiser. - Mas não quero muita coisa. Preciso de um animal manso pra charrete e é só. Eu não gosto muito de dirigir o jipe e só uso quando vou à escola ou à cidade. A charrete vai facilitar o trabalho de entrega da Alcionne. - Ah! Os doces de coco da Alcionne são o máximo. Pena que ela só os faça aos domingos. Mas a senhora poderia comprar também um animal para cavalgar. Os campos são muito bonitos e assim fica mais fácil ir aonde a charrete não vai. E animal de charrete é ruim de montar. - Hum... Mas vamos começar pela charrete. - Como a senhora quiser. E quando