O que aconteceu depois?

Lá nos muito "antigamentes", quando a gente voltava das férias as professoras sempre pediam uma redação sobre o que fizemos. No caso, o trabalho de férias foi a personagem que resolveu fazer. 

Neil Gaiman, no prefácio do livro "Seres Mágicos e Histórias Sombrias", ao ser perguntado por um leitor o que ele escreveria na parede da área infantil de uma biblioteca pública, ponderou e respondeu: 

Não sei se escreveria uma citação se fosse eu que tivesse uma parede de biblioteca para desfigurar. Acho que eu só lembraria às pessoas do poder das histórias, de por que elas existem. Eu colocaria as quatro palavras que qualquer pessoa que conta uma história quer ouvir. As que mostram que está dando certo, e que páginas serão viradas: o que aconteceu depois?”

Senhoras e Senhores, conforme prometido no primeiro texto de hoje, apresento-lhes "Gama", a continuação de "Versão Beta" nunca publicada, numa versão reduzida e revisada aqui no editor do blog mesmo (pensa na trabalheira que isso deu). Farei em partes para facilitar (como Jack).

- Mãe, posso dormir na sua cama?

- Ah! Carol...

- Deixa mãe!

- Tá bom.

- E você me conta uma história?

- Que história você quer ouvir?

- Conta de fada...

- Hum! Tá bom. Deita aqui do meu lado.

 

Era uma vez... Os contos de fada começam assim....
Bom, isto é um conto de fadas?
Pode ser, mas tem mago e fada...  Guerreiros, princesas, até gente comum


Então...
Era uma vez um mago. Ele andava nas trilhas do tempo. Vou chamá-lo Merlin em homenagem a outro grande mago que andava nas brumas. Viveu em várias eras. Viu guerras, terremotos e pessoas trilhando pelo tempo. Vivia nas encruzilhadas da vida, e era um sábio. As pessoas não sabiam que ele era um mago mas gostavam de seus conselhos. 

Era só...
Um dia encontrou uma fadinha... vou chamá-la de Sininho em homenagem a outra fada que andava na Terra do Nunca. 

E onde fica a Terra do Nunca? Dentro da imaginação das pessoas...
- Bah! – disse o mago – Nunca é algo que não existe...
- Rabujento! Ouça o canto do vento..

- Mas, mãe, as fadas não são felizes? Elas não realizam nossos desejos? E os Magos não são sempre muito poderosos?

- A felicidade é algo bem complicado, Carolina. Mas escute que a história não terminou.


“Pra que usar palavras perdidas
Pra dizer o que se pensa e sente
Enquanto diz que não entende
Por que evitas o compreende?

Não, nunca, nenhum
Sim, sempre, algum
O amor está dentro de cada um
Dos seres mágicos, dos elfos e dos guerreiros

Troque as frases:
Nunca vou te esquecer... Pra que?
Sempre lembrarei de você...
Mude os sentimentos:
Eu nunca vou deixar de te amar... ame o momento
Porque te amarei eternamente...”

- Então, velho mago, a Terra do Nunca se transforma em sempre... e sempre... sempre estaremos aqui!

E Carolina adormeceu antes mesmo que eu terminasse de contar ...

Vários anos se passaram desde que minha filha desaparecera no final do ano de 2020 ... Situações impossíveis de serem descritas, apesar de terem sido vividas, ocorreram naquela noite. Eu retornara ao Brasil, pois vivera na Índia durante 20 anos, e por causa de Priti, minha filha, retomei contato com um velho e querido amigo dos tempos da adolescência: o Guido. Conheci-o pela Internet e ele se transformou no meu conselheiro virtual. Acabei passando a virada do ano na casa dele, numa cidade de sonhos como um conto de fadas onde havia uma atmosfera mágica envolta em muita tecnologia. O encontro tinha tudo para ser perfeito para mim e para Priti, se não fosse o ocorrido. 
 
Durante esses anos muita coisa aconteceu e agora sou uma mulher muito diferente. Moro só com minha filha e uma assistente numa cidade bem pequena, longe de tudo e de todos. Ah! Sim! Tive mais uma filha que agora tem cinco anos e foi a única coisa boa que restara depois de tudo. Carolina, minha força interior que se refletiu nela enquanto ela crescia dentro de mim. Hoje ela está na pré escola e é tudo pra mim. Sem maiores idealismos, só quero agora viver em paz no Brasil trabalhando como professora voluntária na escola de Carol. Já tive tudo e fui famosa como escritora, mas isso é passado... E sofro com minha culpa. 
 
Cheguei cedo em casa naquele dia. Almoçara no colégio e não tive atividade na parte da tarde, devido aos preparativos da festa da igreja em que parte das crianças iria participar. Todas ganharam folga e as professoras foram dispensadas mais cedo. Assim o final de semana começaria a partir do turno da tarde. 
 
- Dona Bela, a senhora tem visita! 
 
(continua na próxima semana)
 

Eu sou doc

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