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Mostrando postagens de outubro, 2020

Capítulo 17 - O beijo

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A fazenda do seu Paulo realmente não era distante, mas fomos bem devagar para aproveitar a paisagem. A estrada de terra tinha subidas leves e descidas suaves, não deixando ninguém cansado. O caminho era dentro de uma mata e as árvores faziam sombra e deixavam poucos raios de sol brilharem no orvalho que ainda não secara. A Rafa e a Fê logo tomaram a dianteira e nos aguardaram em uma fonte natural, onde a água parecia sair de dentro da pedra de tão clara que era. - Este era o caminho em direção a Minas Gerais e que depois serviu de base para a ferrovia. Com o tempo a ferrovia acabou e virou estrada para automóveis. Pela falta de manutenção, a estrada ficou impraticável e foi abandonada. Hoje em dia só passam cavalos e bicicletas. A produção da fazenda é escoada por via aérea. - É um caminho muito lindo. - Sem dúvida. Com o abandono progressivo da cidade, pelos seus habitantes, a mata foi revitalizada pela própria natureza, mas o caminho ficou intacto. A seguir de uma curva, vimos o port

V.J.M.J - parte 2

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"Das certezas que a vida não tem uma delas é inevitável... Um dia, há muitos e muitos anos, conheci um sujeito alegre e gordinho... Durante um período usou barba e depois não mais. Era um mestre... daqueles que contam histórias. E ele contava uma história de um sujeito que vivia em um quarto com espelhos por todos os lados. Um belo dia, alguém tacou uma pedra e quebrou um deles... E lá pra fora, do espelho, o tal sujeito olhou. Viu muita gente, de todos os tipos, que cantava e que gritava... Gente que sonhava com um mundo melhor.  Ao final dessa história, todos os espelhos foram quebrados e janelas colocadas em seu lugar. E era assim que ele ensinava: colocar janelas e olhar pra fora... Aonde rola o mundo das incertezas... Para que, ao menos, a gente saiba que olhar pra dentro só serve mesmo para decidirmos quebrar os nossos espelhos.  Mago Merlin... um velho amigo agora está olhando pra gente através da janela do infinito. E assim como o Mago, o Zat sempre esteve aqui!"

V.J.M.J - parte 1

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” V.J.M.J” – Viva Jesus, Maria, José – Sigla que ficava à esquerda do cabeçalho de qualquer coisa escrita no caderno do colégio.   No ano de 2015, iniciei um texto no "Coisas do Narrador" exatamente dessa forma, para contar sobre uma visita que fiz, com alguns amigos ex-alunos, ao velho Colégio Marista São José (CMSJ), da Barão de Mesquita, que foi o berço da minha formação religiosa. Fui aluno de 1971 a 1977, quando terminei o segundo grau (atual ensino médio). De lá para cá o colégio suspendeu as atividades, uma parte dele foi demolida (a parte "nova") para dar lugar a empreendimento imobiliário, a outra virou sítio arqueológico, mas ele voltou a funcionar e nosso grupo conseguiu uma visita. Ouvi dizer que o Colégio interrompeu novamente as atividades... que pena... e nem foi por causa da pandemia (melhor nem comentar sobre as causas atuais que dá até medo de saber).   Agora, como no antigo Ra-Tim-Bum , "senta que lá vem história"!   Quando eu era muito

Capítulo 16 - A Missa

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Dormimos como anjos. Eu fui na frente, pois a Pri pediu os tais cinco minutinhos e eu nem reclamei. Estava exausta. Acho que precisaria de férias para me recuperar dessas férias. Nem vi a hora que ela entrou. Quando acordei de manhã, com o tocar dos sinos da igreja chamando para a missa - já era domingo, nosso último dia em Ribeirão, 5:30 h. Priti dormia com um sorriso nos lábios. Levantei em silêncio, pois iria à Missa e a deixaria dormir mais um pouco. A manhã era clara e fazia aquele frio gostoso de cidade de serra do interior. O cheiro do capim, molhado pelo sereno, associado a um forte cheiro de café fresquinho e de pão recém saído do forno, dava até um arrepio de prazer. Como era domingo, as crianças dormiam até mais tarde e não havia aquele movimento infantil, que eu já começava a sentir falta. Fui até a cozinha e me servi do pão e do café. Guido já estava lá.   - Acordou cedo? - E você nem parece que dorme. - Eu sempre acordo cedo, antes do sol nascer, para poder desfrutar mais

Capítulo 15 - A pergunta

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Fui acordada às 10 horas, com um ruído de pratos e talheres. - Veja, mãe. O café veio servido junto com as rosas. E de dentro do armário.   O cheirinho de café fresco invadiu todo o chalé e tornou-se irresistível. Comemos em silêncio. Os pensamentos estavam divididos entre o que nos esperava naquele dia e o que havia passado nos dias anteriores. Priti já estava arrumada e usava o Murano que ganhara de presente. Aliás, o quase meu Murano! Comemos rápido e logo ouviu-se um bater na porta. Era a Rafa. […]   - Hoje estou mais à vontade. Ficar muito arrumada às vezes dá muito trabalho. […] - Sua irmã já chegou? - Ainda não. Chega só na hora do almoço. Hoje o dia é só de distração. Programei uma atividade com os adultos e as crianças. E vim buscar vocês. Será no pátio da escola. - E quem vai? - Não se preocupe, Priti, que o Sid já está lá!   Dessa vez fomos num carro comum e a Rafa é que dirigia. O local era perto, mas eu não aguentaria andar até lá. Encontramos uma grande f

Opus

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"O termo opus (em latim, "obra") é comumente utilizado no sentido de obra de arte. O plural de opus, opera, refere-se ao gênero musical operístico. As peças musicais indexadas (como é o caso das obras de Bach, Haydn, Mozart, Schubert e outros) são identificadas por um número de opus, que geralmente é atribuído em ordem cronológica - considerando a data da composição ou da publicação da obra. A abreviatura usual é "Op.", (plural "Opp.")( Wikipedia )" Depois de muitos e intermináveis capítulos "paradidáticos" chegamos ao ponto onde minha "obra de arte" começa a viajar pelos recantos da imaginação sem limites. Claro que também procurei referências na memória e hoje vou falar de duas delas. A primeira é o "Murano", nome de um pingente muito comum na época e encontrado em várias joalherias. No site da Associação Nacional de Vidraçarias   eu encontrei uma boa descrição dessa arte que, para facilitar, produz objetos em vid

Capítulo 14 - O Dom

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Rafa era muito animada. Adorava dançar e me levou para o meio da roda onde Sid e Pri já se divertiam há muito tempo. Guido preferiu não dançar, mas observava à distância enquanto saboreava o delicioso vinho e conversava animadamente com o pai da noiva que, depois vim a saber, era o responsável pela seção Itália do Universo teen. Apesar de muito simpático, Guido mantinha aquela expressão algo tensa, algo reprimida. Seria triste, lá no fundo? Até que, em dado momento, se dirigiu até nós e foi recolher-se. Já eram quase 2 da manhã e a festa não parecia ter hora para acabar. - Fiquem por aqui. Depois Sid leva vocês de elevador. Rafinha, fique lá em casa também. Sua irmã chega de manhã, possivelmente, com seus sobrinhos. É sábado e só o plantão funcionará.  - Ah! Já vai? Assim você fica velho mais cedo! – disparou a Rafa, como já era seu costume. - Mas já estou velho há muito tempo, vocês é que não querem admitir. - Velho com cabeça de novo não é velho – disse eu. - Ahhahahahahahah. Mas vou