Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2020

Capítulo 12 - Os bebês

Imagem
Eu realmente estava feliz! Foi divertido fazer a cesta do lanche, principalmente contando com o auxílio de algumas crianças que brincavam na casa. Elas viram que eu não sabia onde encontrar nada e morriam de rir quando eu não entendia o que elas falavam. Também, fui receber ajuda de 5 chineses que deveriam ter 5 ou 6 anos! Nem fazendo força eu entenderia os dialetos. Só que eles entendiam o que eu falava. Que experiência fantástica! Cesta pronta, fui ao encontro de Guido sempre acompanhada por meus ajudantes. Pegamos a charrete e fomos em direção ao campo; as crianças deram “tchau” no jeitinho alegre dos chineses. Já era quase meio dia e, quando chegamos, os bebês já tinham sido recolhidos há muito tempo. Encontramos a Priti e o Sid, suados em bicas, jogando peteca. - Isso eu nunca soube jogar direito. - E eu nunca soube que ela sabia jogar. - As crianças sabem tudo... - É que a criação dela foi muito dentro de casa. Sabe tudo de computadores e máquinas. Mas peteca, é uma surpr

A Nova Mãe

Imagem
"O destino do planeta poderia se transformar se as mães do mundo todo assumissem o verdadeiro papel político e social que lhes cabe." (José Ângelo Gaiarsa)   Um dos desejos descritos no meu livro (e acredito que seja o de muitas pessoas também) está relacionado à educação infantil: as crianças seriam melhor formadas e, nesse ponto, a participação das mães (e também dos pais) é fundamental. O texto de hoje traz uma provocação à reflexão. Nos últimos vinte anos (ou mais), o que observei foi o aumento do número de crianças totalmente sem controle, sem limites, que fazem o que bem entendem, que não respeitam pais e professores, e um sem número de outros problemas com consequências totalmente imprevisíveis. Com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) houve uma interpretação errônea quanto à educação infantil e um descaso a alguns direitos conquistados.    Hoje vivemos na pandemia: as crianças estão em casa e as famílias tentando corrigir os erros do passado. Ape

Capítulo 11 - Os traumas

Imagem
O sol já estava bem alto e nem ouvi o galo cantar (se é que cantou)! Olhei para a cama ao lado e vi rosas novas e um bilhete: “Mãe. Já acordei, tomei café, escovei os dentes e fui passear com o Sid; não se preocupe que ele é muito bonzinho e respeitador. E lindo, é claro! Beijocas. Pri” Levantei mais que depressa e fui para a casa grande. Fui para a sala de café que já estava vazia, apesar da mesa ainda farta, quando Gui chegou. - Bom dia, Bela! - e foi logo apertando um botão da pilastra para mostrar aonde minha filha estava. - Que lugar é esse onde ela está? - perguntei - No passeio dos bebês. - Passeio dos bebês? - Foi ideia das mães. Elas se reúnem quase todos os dias e passeiam em caravana de carrinhos. É muito divertido. As mães mais experientes ensinam coisas às mais novas, em ambiente de harmonia. E, considerando que são de diversos países, os bebês vão ouvindo os mais variáveis sons e vão aprendendo as diversas línguas. - Por isso é que, no café, eu ouvi os

Longevidade

Imagem
"Ninguém baterá tão forte quanto a vida. Porém, não se trata de quão forte pode bater, se trata de quão forte pode ser atingido e continuar seguindo em frente. É assim que a vitória é conquistada." (Rock Balboa)   Um dos conceitos que coloquei no livro, mesmo que passasse despercebido, foi o trato com a saúde e a possibilidade de viver com qualidade até idade bem avançada. Meus avós tiveram essa chance e meu pai ainda está aí para mostrar e provar essa possibilidade. Com o passar dos anos e melhor controle das doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, a temida velhice foi substituída pelo conceito de melhor idade. Realmente, mesmo com as injustiças que a previdência e os impostos submetem os idosos (aposentadoria é ato de coragem), eles conseguiram se reinventar e adquirir uma independência impensável no passado. Viraram os imortais da sabedoria para a alegria dos mais jovens. Sempre falei para o papai que ele podia fazer o que quisesse, pois o prazo de validade vencid

Capítulo 10 - As estrelas

Imagem
Eu não entendi muito bem o que ele quis dizer, mas, enfim, tudo para mim era uma grande surpresa. Nunca poderia imaginar que, a partir de um bate-papo na antiga Internet, eu iria estar num lugar desse. Uma tecnologia de última geração, cercada de coisas simples e eficientes. Falamos de AMOR, sexo, educação infantil, tudo de uma forma tranquila, com um ambiente que só não era mais rústico porque guardava a tecnologia atrás das portas dos armários. Um homem muito diferente, que sabia de tudo e dizia que eu tinha a chave!   Já eram quase 21horas e nos foi servido um rápido lanche, até porque ninguém aguentava comer mais nada. Entramos no terceiro chalé. A noite de lua cheia invadia o pequeno salão iluminado apenas por um lampião a querosene. Na janela, uma pequena luneta apontava para o céu. - É aqui que me distraio tentando entender como é a vida daqueles que não tem teto. Somos altamente privilegiados. - Sem dúvida a visão também é privilegiada – disse eu, colocando um olho na lu

Referências 2

Imagem
O final da vida é inevitável e, acredito, este dia já está agendado; mas o sofrimento é opcional. Com a pandemia, o medo da morte (inevitável) tornou-se mais evidente. A data de hoje ficou marcada pelo atentado que destruiu as Torres Gêmeas nos Estados Unidos em 2001. Tenho certeza que nenhuma daquelas pessoas que morreram se sentiram inseguras ao entrar no prédio para trabalhar e muito menos imaginavam que estariam no último dia de suas vidas.    Aproveitando... O leitor viajou no último feriadão e aproveitou a praia em plena pandemia? Semana que vem conte como foi a experiência.   Enfim... No meio do conteúdo paradidático, fiz algumas citações familiares tentando adivinhar o que aconteceria com meus pais e meus filhos. O filho mais velho é famoso youtuber do mundo de games e mora em São Paulo; o mais novo seguiu a carreira artística, mas não no teatro, e é professor de música (viola) na Dinamarca onde mora com sua esposa e meu neto; minha filha mora em São Paulo mesmo, mas tem uma f

Capítulo 9 - Os avós

Imagem
O almoço era um churrasco bem típico do carioca, com as carnes básicas, porém com muita guarnição. No sul, era mais comum haver só carne mesmo. Entendi porque ele preferiu que Priti almoçasse na casa grande; ela é indiana e os indianos não comem carne. Os hambúrgueres são de carne vegetal que hoje tem gosto muito bom. Mas eu sempre gostei de churrasco... - Comam à vontade que eu vou servir os menores! – disse o avô - Quem são os menores? - Meus netos. - Netos? Filhos de quem ? - O de cabelo preto encacheado tem 8 anos e é filho da Julya; aquele outro lá, mais sério, tem 7 e é do Guto; aquele ali pegando nos talheres, tem 6 anos e é... Ouve-se um barulhão de talheres no chão. Era o mais novo um pouco “enrolado”. - Igualzinho ao pai, o eterno “Astronauta”! Inteligente mas sempre no mundo da Lua! Rimos muito ouvindo histórias e contando piadas, que nem vi o tempo passar e nem me lembrei de rastrear as atividades românticas da filha. Após as carnes que, com a tecnologia, vinham d

A Ostra e o Vento

Imagem
A pandemia me pegou de surpresa em meados de março, quando eu acompanhava meu pai em internação hospitalar no Rio de Janeiro. A rotina era complicada e monótona, e o hospital parecia uma ilha isolada do mundo, pois apesar da cidade ser maravilhosa quase nada era possível apreciar. Um belo dia fui de metrô lotado e voltei sozinho no vagão; num outro dia encontrei um shopping semi abandonado (com o fechamento dos cinemas, a frequência diminuiu muito) com lanchonetes e lojas praticamente vazias. Quando não estava no hospital eu ficava no apartamento da minha sobrinha e também parcialmente isolados do mundo exterior. Ao voltar para o sul do pais, o mundo que eu conhecia definitivamente tinha terminado e era o momento de traçar novas estratégias.   Por aqui a situação é muito complicada: mesmo com o tempo de quase três meses entre o final do verão e o inverno (onde os casos de gripe sempre aumentam por aqui), poucas providências foram tomadas.    A região, considerando um raio de uns 120