Caixa de Costura

Já deu para perceber que criei uma cidade tecnológica e utópica em cima de outra que foi abandonada no decorrer dos tempos. Claro que nada disso aconteceu (ao menos até agora), mas bem que alguns personagens poderiam continuar presentes.
 
Outubro é um mês com muitas referências e recebe a cor rosa, por conta do câncer de mama contra o qual minha mãe já lutava quando eu escrevi o livro. Mesmo com todas as intempéries do tratamento ela conseguia levar a vida como se nada - ou pouco -  tivesse acontecido (ao menos era isso que transparecia). Uma das suas atividades preferidas era o crochê. 

Mamãe era professora aposentada. Durante o tempo de magistério, aperfeiçoou-se em artesanato, dava aulas sobre as mais variadas técnicas e fazia que nossos trabalhos escolares saíssem perfeitos. A cartolina que usávamos sempre tinha uma margem bem feita e havia um equilíbrio nas fotos (recortadas de revistas) que eram utilizadas.

Voltando ao crochê, ela gostava de fazer sapatinhos de bebê e minha imaginação fez com que, em 2020, ela tivesse uma grande confecção altamente tecnológica, que empregasse muita gente e desse muita diversão também. 
 
Óbvio que nunca imaginei que haveria a pandemia, mas Guido criaria alguma alternativa para que seus pais tivessem uma vida melhor do que a oferecida, hoje em dia, à população mundial de idosos. Aliás, muito bem lembrado, ontem foi o "Dia do Idoso" (outubro tem muitas referências), mas a comemoração ficou, digamos, "confinada". 🤦

Depois que ela faleceu, reunimos muito material, fizemos várias doações e presenteamos pessoas queridas que fariam bom uso. A caixa de costura e um último sapatinho eu fotografei e divido com vocês. 

No final das contas, o capítulo 13 foi uma grande homenagem à minha mãe, que hoje é representada nas lembranças, e ao meu pai também que "acumulou" as funções e recebe os "parabéns" no Dia das Mães (pensando bem, ele recebe "parabéns" todos os dias pela sua lucidez e força de vontade de viver mesmo que isso possa parecer muito difícil aos seus noventa e cinco anos).


Eu sou doc

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