Capítulo 9 - Os avós

O almoço era um churrasco bem típico do carioca, com as carnes básicas, porém com muita guarnição. No sul, era mais comum haver só carne mesmo. Entendi porque ele preferiu que Priti almoçasse na casa grande; ela é indiana e os indianos não comem carne. Os hambúrgueres são de carne vegetal que hoje tem gosto muito bom. Mas eu sempre gostei de churrasco...

- Comam à vontade que eu vou servir os menores! – disse o avô
- Quem são os menores?
- Meus netos.
- Netos? Filhos de quem ?
- O de cabelo preto encacheado tem 8 anos e é filho da Julya; aquele outro lá, mais sério, tem 7 e é do Guto; aquele ali pegando nos talheres, tem 6 anos e é...

Ouve-se um barulhão de talheres no chão. Era o mais novo um pouco “enrolado”.

- Igualzinho ao pai, o eterno “Astronauta”! Inteligente mas sempre no mundo da Lua!

Rimos muito ouvindo histórias e contando piadas, que nem vi o tempo passar e nem me lembrei de rastrear as atividades românticas da filha. Após as carnes que, com a tecnologia, vinham de animais que não produziam colesterol e outras gorduras, vieram as sobremesas fantásticas.

- Tudo o que você comeu é produzido na cidade e os doces minha mãe é quem faz.
- Maravilhoso... Difícil vai ser subir a ladeira a pé...
- Não se preocupe, vamos até a casa de meu irmão.

Pensei tratar-se de outra visita. Ao chegar na outra casa, ela estava vazia. O quintal terminava no morro e havia um elevador panorâmico que levava até o alto.

- Era aqui que eu brincava quando era criança. Só que, para subir, era com as pernas mesmo... ahahahahahah.

Chegando ao topo, a charrete, que serviu para o passeio dos meninos, estava lá esperando.

- Veja, para lembrar os tempos de criança... eu ficava aqui na casa de meus avós onde hoje mora meu irmão. Ele foi até Valente tratar de uns negócios. Eu adorava andar de charrete.
- Os avós são os segundos pais, não é?
- E sempre viam adiante do seu tempo... mas só quando se tornavam avós. Às vezes atrapalhavam um pouco, mas sempre tiravam os netos das encrencas... Sempre devem ser respeitados. Mas um dia a figura da sogra vai acabar... ahahhahahahahah.
- Está rindo de mim?
- Por que? Você acha que vai ser uma boa sogra? E você já se pensou avó?
- Nem tão cedo...
- Será? Olha lá os pombinhos?
- Jogando ping-pong? Sem riscos... a distância é muito grande (dessa vez quem riu fui eu).
- Tem certeza?

Ao me aproximar é que pude ver o estado precário das roupas da filha... Era lama da cabeça aos pés.

- Mas aonde é que vocês se enfiaram?
- Desculpe, dona Bela, mas ela insistiu...
- Mãe, você nem imagina! Sid me mostrou uma cachoeira linda e fantástica. Só que, pra chegar lá, tinha que seguir uma trilha. Aí eu não resisti e mergulhei, e acabei levando um tombão na lama... amei! Foi o máximo... e fiquei assim só pra te mostrar o quanto eu me diverti!
- E pra não perder tempo tomando banho, né? - agora quem usou o “né” fui eu. - Mas pelo menos vocês almoçaram?
- Sim senhora... Andamos pela cidade de manhã e fomos na cachoeira à tarde.
- Então agora, para o banho...
- Ah! Mãe...
- Ela tem razão... Eu também tenho que tomar banho – disse o garoto meio envergonhado.
- Então, todos, porque à noite veremos as estrelas...
 

Eu sou doc


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