Festa de Igreja
- Dona Bela! Já tá na hora.
- Hein! Ah! Obrigada Alcionne.
Levantei-me
e já estava escuro. Troquei de roupa e realmente achei que ficara
bonita. Alcionne escolhera um vestido de malha preto que eu gostava
muito e uma bota clara cor de pele com um salto fino. Um casaco jeans
básico completava o visual e ficava adequado para o interior algo
“country”. A bota ia complicar um pouco na hora de dirigir mas resolvi
pagar o preço da auto-estima. Havia um grande espelho no quarto, onde
fiquei um tempo me admirando enquanto penteava o cabelo. Alcionne me
animara. Quando fui saindo, ela disse:
- A senhora é linda, dona Bela! Mas falta o cordão.
- Que cordão?
- O que tem a pedra que brilha!
Lá vinha ela com essa estória.
- Pronto. Deixe que eu coloco na senhora.
- Mas eu não vejo brilho nenhum...
- Ele é teimoso e só brilha quando quer! – e saiu rindo em direção à cozinha.
- Mãe! Você tá bonita!
- Sua mãe é bonita, Carol.
- Posso ir com você, mãe?
- Hoje não. Fique com Alcionne e se comporte, tá bem?
- Ah! Mãe!
Ela
parecia Priti quando reclamava. Mas era obediente e Alcionne a
convencera facilmente com um belo bolo de chocolate. Dirigi-me ao velho e
barulhento jipe, mas era o único veículo que passava na estradinha que
dava acesso ao sítio quando chovia. A Missa foi bem tranquila. Alguns
alunos fizeram festa quando eu cheguei e outros deram risinhos de
felicidade enquanto cantavam as músicas da celebração. A festa parecia
animada, mas preferi não ficar e fui embora. No caminho de volta, um
barulho... Pronto, era o que me faltava! Parei o carro, saltei e
constatei: pneu furado! Passou um ônibus na direção oposta, fiz sinal,
mas ele não parou. Preferi então não trocar o pneu. Encostei o carro
próximo ao barranco e resolvi ir a pé mesmo, pois estava muito perto.
“Ainda bem que Carolina não veio – pensei - amanhã quando seu João vier
eu peço ajuda a ele”.
A noite era de lua cheia, porém ameaçava chover e, de repente, as nuvens escureceram o caminho. “- Só falta chover agora!”
Acelerei
o passo e a bota me apertou o pé. Salto fino não combinava com terreno
irregular e correria. Já ficando irritada e ansiosa de chegar em casa,
notei que a claridade voltara. Olhei para o céu e procurei a lua, mas só
vi as nuvens pretas. Aí é que notei que a claridade vinha do cristal e
iluminava meu caminho. “Que é isso? Estou ficando maluca ou o cristal
brilha mesmo?” Não só brilhava como conseguia iluminar a minha volta.
Mas como era possível? “Bom, não era hora de descobrir nada. Eu tinha
que chegar logo pois já haviam trovões e a chuvarada era certa. Nem sei
como cheguei em casa, mas quando vi já estava na cama debaixo dos
lençóis. O cristal em cima do criado mudo. Dormir era a melhor opção.
(continua)
Eu sou doc
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