Volta às aulas e vacinas - parte 2

Eu fiquei de voltar ao tema, para poder ilustrar melhor a situação de forma evolutiva. A vacinação correu a passos lentos, mas o retorno às aulas aconteceu com muita discussão técnico-jurídica. 

Uma das justificativas para o retorno às atividades escolares era de que "se pode abrir cinema, parques e outros atrativos, por que não pode ter escola?". Só que esqueceram que o país entrou num caos sanitário sem precedentes. Se antes não havia leito no Planalto Norte e eu já reclamava, nessa fase não havia leito no Brasil todo. Justamente nessa situação resolveram colocar em circulação um sem número de seres (crianças e adolescentes) de forma obrigatória (parques, cinemas e outras situações de lazer são eletivas: "vai quem quer!") e esqueceram de que também não existem leitos para tal população.

Um ótimo artigo sobre tal ponto de vista veio do editor do Jmais, Edinei Wassoaski, e foi a ele que recorri para dar a minha opinião a respeito, como da outra vez. Escrevi um e-mail com uma "provocação" (como ele mesmo falou) e isso gerou um artigo publicado no portal em 15/03/2021 que vou reproduzir por aqui, mas pode ser acessado através do link que deixei (para quem chegou agora, os links aparecem de outra cor ou com outra tonalidade, dependendo do navegador utilizado).

" Há um ano, quando a pandemia chegou a região, o médico pediatra que atua na UTI Neonatal de Mafra, Dr Geraldo Chaves, expressou sua preocupação à coluna sobre a falta de estrutura hospitalar na região para atender a demanda que com o tempo viria. Ele expressava preocupação, particularmente, com a falta de estrutura para atender as crianças.

O que se viu nos meses seguintes foi um vírus altamente mortal para pessoas mais velhas que pouco afetou as crianças. 2021 chegou e não encontrou a estrutura hospitalar que deveríamos ter para enfrentar a pior fase da pandemia. O mais dramático: as variantes estão atingindo pessoas mais novas e matando até mesmo bebês.

"O Estado tem aproximadamente 90 leitos de UTI pediátricos ( não contei os leitos de neonatologia que recebem crianças até 28 dias de vida). Se os leitos triplicaram (creio que não) em um ano, hoje não existem nem 300. Será que não é um ótimo argumento para que as crianças continuem em casa com aulas a distância? Ah! São poucas as que precisarão de UTI... Será? Sem a covid é fácil conseguir vaga em UTI pediátrica?", questiona o médico.

A preocupação não é só de Chaves. A Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina, por exemplo, elegeu o tema como principal elemento de preocupações na região do Planalto Norte. A aflitiva situação da covid-19 ajudou a escancarar as dificuldades do setor na região e o tema surgiu na pauta de reunião plenária regional realizada de forma virtual na semana passada.

O presidente da Facisc, Sérgio Rodrigues Alves, sugeriu a criação de centro de radioterapia, do hospital infantil e de UTI pediátrica como bandeiras, após a apresentação realizada pelo coordenador médico do Hospital Santa Cruz de Canoinhas, Michael Ricardo Lang.

O médico falou sobre a importância da criação de um mapa de especialidade da saúde por cidade, e destacou o atendimento pediátrico como essencial para a região.

"O que falta para a população do Planalto Norte é um hospital infantil. Quase 25% da população da região está sem atendimento. Hoje estes atendimentos são realizados em Joinville. São quase 87 mil crianças e adolescentes. Não temos UTI pediátrica e apenas uma UTI neonatal em Mafra", apelou.

O presidente do Hospital Santa Cruz, Reinaldo de Lima Jr, também participou da reunião. "É um objetivo que almejamos há tempos, de trazermos uma UTI pediátrica para Canoinhas, mas entendemos que o momento é delicado", admite.

Eu sou doc

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