Coisas de Bicicleta

A minha história ciclística começou quando eu tinha uns dez anos e ganhei a minha primeira bicicleta. Era uma Caloi dobrável, vermelha, cuja propaganda garantia que, uma vez “dobrada”, caberia na mala dianteira do fusca do papai. A ideia era levar para Rio das Flores e a opção realmente recaiu na "facilidade" no transporte.

A primeira parte dessa saga foi descobrir o que era uma tal de “chave sextavada”, citada nas instruções, que seria usada para tirar o pedal. A partir dessa etapa seria possível colocar na mala dianteira do carro. Como não descobrimos, o papai saiu com a bicicleta (empurrando) até uma loja próxima onde o pedal foi retirado. 

Aí vem a pergunta que não quer calar: sem o pedal a bicicleta coube na mala do fusca? Ah! Esqueceram de falar que teria que tirar o estepe! E onde iria o estepe? No espaço atrás do banco traseiro! E as malas? E quem foi que falou que as malas estavam incluídas no raciocínio? 

Para simplificar as coisas, aprendi a andar, curti muito na adolescência, usei os ensinamentos em Paquetá e aí a coisa parou durante uns trinta anos até que fui morar em Petrópolis e ganhei uma nova bicicleta da minha mãe. Isso já foi uma manobra do papai. Eu explico: infelizmente mamãe falecera meses antes, mas ela tinha uma grana "escondida" em algum lugar que eu não lembro mais e isso virou o presente póstumo dela. Essa bicicleta foi dica do meu sobrinho (uma Caloi Aspen 2000), mas eu ainda precisei treinar muito até conseguir sair do entorno do prédio que eu morava (eu fiquei dando voltas ao redor do prédio por várias semanas).
 
A temporada do ciclismo urbano termina agora em primeiro de maio. É interessante como isso acontece todo ano. Noutra cidade que eu morava, o Dia do Trabalhador era marcado com um passeio ciclístico e era muito comum ser um dia de céu azul, mas com muito frio e até geada. Era a marca da chegada do inverno, mesmo sendo outono. 
 
Claro que muitos ciclistas pedalam durante todo o ano, mas este não é meu caso e fico parado na "parada" (ergométrica) até o final de setembro quando o frio começa a dar um alívio, mesmo que discreto. Morar no sul do Brasil significa nove meses de inverno e nos três meses restantes as demais estações se revezam durante os dias.
 
Nesse marcador o leitor vai encontrar histórias, alguns passeios interessantes e uma ou outra coisa da minha atividade física predileta.

Ah! Que fim levou a Caloi Aspen 2000?

Bom... ela ficou muita "velhinha" e mesmo depois de alguns "upgrades" chegou naquele ponto que ficou difícil resistir à tentação de comprar uma nova, aro 29 e outros agrados. Decidi, então, chamar um amigo haitiano (os haitianos gostam muito de pedalar e assim vão para todos os lugares) e contar a história da bicicleta. Ele quase chorou quando eu disse que o escolhi para receber o presente que fora da mamãe. Achei que foi uma boa escolha e ficamos muito felizes com isso, até porque a bicicleta que ele usava era aro 24 e também muito velhinha. Ainda não comprei uma nova, mas, quem sabe, na próxima temporada eu conte alguma história a respeito disso.
 
 
Eu sou doc

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