Reportagem

E agora o João Coragem se foi para encontrar o Shazam...👏👏👏👏

Continuando com as histórias...

A volta, como já disse, foi meio confusa. Depois de um curto período de adaptação, tentando entender a situação e já começando a fazer previsões (até agora não errei nenhuma), mandei um e-mail para o editor de um jornal local, em maio/2020:

"[...] Hoje venho aqui para falar como cidadão e observador da evolução da pandemia em Santa Catarina, principalmente em relação aos dados e o Planalto Norte. [...] Pude observar a evolução e as primeiras medidas tomadas pelo governo de Santa Catarina, sendo atingido em cheio com a suspensão do transporte pelos ônibus interestaduais, pois minha volta do RJ foi bem complicada, mas isso não é o tema da conversa.

Inicialmente considerei que Santa Catarina estava "atropelando" as necessidades com medidas rígidas muito tempo antes dos demais estados. "Puxou fila", como dizem, praticamente obrigando São Paulo e Rio de Janeiro a adotarem, em parte, algumas limitações iniciadas por aqui. Independente da realidade na época e o tal do "quem tinha razão", algumas coisas evoluiriam e hoje temos um sem número de informações de difícil compreensão e que os próprios especialistas desistiram de explicar. [...] Por outro lado o Ministério da Saúde informa que "habilitou" uns 3300 leitos de UTI pelo Brasil. Habilitar significa que o leito existia,mas quem arcava com o pagamento era o município ou o estado ou a entidade e que agora serão pagos, em parte, pelo Governo Federal. Tirando os hospitais de campanha e algumas enfermarias pelo Brasil que que foram ativadas sob forma improvisada de UTI, não vi movimento de alvenaria para a criação de leito. Esse leitos de Santa Catarina incluem os leitos pediátricos e neonatais (já muito poucos). A reportagem do https://www.nsctotal.com.br/noticias/sc-e-o-quinto-estado-do-pais-com-mais-leitos-de-uti-mas-numero-ainda-e-pequeno-para ilustra essa situação.

Em relação ao Planalto Norte, são apenas uns 40 leitos e isso lota em 1 dia, principalmente considerando que primeiro o litoral será ocupado e depois, quando tudo estiver lotado, começarão as transferências para São Bento, Mafra e Canoinhas inviabilizando o tratamento das pessoas daqui. No Rio de Janeiro, a capital já usa os leitos do interior, assim como São Paulo e isso aumenta a transmissão local.

É complexo e longo e hoje vou parar por aqui. Algo está estranho. As medidas restritivas visam ganhar tempo para melhorar a performance hospitalar no combate à pandemia e isso não se vê no Planalto Norte. Canoinhas tomou medidas preventivas, mas não funcionarão durante muito tempo, principalmente quando o hospital local estiver lotado. UTI não se faz somente com respirador e alguns equipamentos.

Creio que os prefeitos deveriam se unir e montar uma estrutura única, grande, como um hospital de campanha realmente preparado, porque domingo é Dia das Mães e o catarinense do Planalto Norte vai receber visitas de pessoas com o vírus vindo de todas as partes do estado e de fora do estado. Afinal, tenho 83% de leitos de UTI liberados, praticamente não morrem os acometidos, então por que é necessário isolamento social? Em 15 dias conversamos a respeito, quem sabe?

Grande abraço"

No dia seguinte o editor me ligou e conversamos. Isso gerou uma reportagem no JMais que ficou por isso mesmo. Ninguém acreditou, mas a evolução da pandemia mostrou que medidas precipitadas e aquelas que não foram tomadas tiveram consequências desastrosas. A gestão da pandemia já começava a dar sinais de fracasso desde essa época.  


Eu sou doc

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