Narrador também reclama
Estamos próximos do meu aniversário, o que significa que o inferno astral está terminando (semana que vem eu explico isso melhor) e o humor deve voltar ao normal em breve. Se bem que este ano (melhor até falar baixo...) essa fase foi bem tranquila e sem maiores problemas.
Aproveitando que estou calmo, este marcador de hoje fala das minha reclamações feitas no blog.
Foram vários registros, mas são muitos textos associados ou não a outros marcadores (quase coloquei tudo junto). Só que eu encontrei nove oportunidades onde isso não aconteceu e aí eu fiz uma colagem.
Reclamei de restaurantes, teleatendimentos, voos cancelados, livros ruins, um sem número de coisas, mas uma reclamação mereceu meu destaque e vou colocar uma parte aqui.
O texto se chama "Quando você crescer" que também é nome de uma música do Raul Seixas e escrevi em 2014. Acho que isso representa bem algo digno de reclamação. A inspiração foi um post no Facebook que, naturalmente, já sumiu mas dá para encontrar pelo Google colocando parte ou todo o parágrafo que destaquei abaixo. O texto inteiro é um enorme absurdo, foi escrito por um médico recém formado, mas o que selecionei foi o suficiente para a minha reclamação (veja a seguir).
“Se hoje eu
pudesse dar um conselho a quem está prestando vestibular para medicina,
eu aconselharia que desistisse enquanto há tempo. A não ser que esteja
disposto a levar uma vida de sacrifícios sem resultados e decepções
diárias. Ser médico no Brasil não compensa. Ser médico no Brasil não é
para qualquer um.”
Aí fui na página
desse médico e mandei uma mensagem, contando um pouco da minha história,
que resolvi compartilhar (alguns trechos), já que tive muitos alunos,
hoje a grande maioria relatando seus sucessos, o que me deixa muito
orgulhoso, e também por não concordar com esse parágrafo acima (veja abaixo).
“Prezado […] Seu
desabafo no Facebook apareceu hoje no blog [...], mas já tinha lido […].
Este ano completo 30 anos de formado […] e o que havia no meu início
de carreira não era muito diferente do que existe hoje em dia, em
relação à superlotação das emergências, gente no chão, falta de insumos
básicos e tudo que se vê por ai. Isso nunca melhorou e não vai melhorar
nem tão cedo (acho que não vou ver isso). Mas ser médico é muito maior
que tudo isso: é dedicação eterna, todos os minutos de todos os dias.
Dizem que é sacerdócio... talvez... não me considero sacerdote de coisa
alguma, mas sou médico porque não me vejo em qualquer outra profissão.
[…] De qualquer maneira, foi muito esforço. […] Não é para qualquer um?
Não é mesmo. Só que, mesmo com dificuldade, eu sempre quis fazer a
diferença com meu trabalho. Minha cota de fracassos, em termos
numéricos, felizmente é menor do que de sucessos; e minha taxa de
reconhecimento do paciente é mínima. Só que isso não faz a menor
diferença. Sou médico porque gosto da coisa e faço da melhor maneira
possível, procurando aprimorar, a cada dia, a minha técnica e minha
abordagem. Como procuro fazer a coisa da melhor maneira possível, não
quero nem saber das insanidades dos gestores públicos. A minha cobrança
vem do meu travesseiro, onde encosto a cabeça para dormir e eu durmo,
porque fiz um bom trabalho. Fico triste quando vejo depoimentos como o
seu e de outros garotos novos como você; não creio que você fez medicina
por mercantilismo e sim porque tinha vocação para a coisa, senão nem
teria terminado o curso. Só acho que devemos dar o exemplo de dedicação
sem se importar com os desvarios dos gestores. [...] Divida com o
usuário as suas condições de trabalho, para que ele possa te ajudar
também, cobrando providência dos gestores. Isso dá mais trabalho que
atender, mas se não fizermos isso, nada vai mudar. Teria muito mais para
te falar, mas já me estendi muito. Um grande abraço e boa sorte.” [...]
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